Turbulentos - Pai, Mãe

Mãe
Eu to ligando hoje mesmo pra você
Eu trabalhei por tanto tempo entre paredes
Hoje vivo na estrada

Pai
Eu já não espero mesmo orgulho de você
Eu demorei vinte anos pra aprender
Mas não lembro mais nada

Ei velho amigo
Eu caminhei tanto tempo sem perceber
As más lembranças que fazem questão de arder
Não vão ser mais guardadas

Irmão, eu sei
Cem mil ideias fazem sua mente ferver
Mas o sua lareira tem três corpos pra aquecer
Agora é tudo ou nada

Mãe
Eu só discuto pois cansei de compreender
Cada mistério dessa vida é uma resposta
Que não nos leva a nada

Pai, passei
Uns dias mastigando os nossos planos
E a alegria que nos tornava humanos
Ficou lá atrás trancada

Amor, eu sei
Quis confortar e ser capaz de compreender
E esperei a hora certa pra dizer
Mas não sei quais palavras

Irmã, eu sei
Que a sua história é engolida no dia a dia
Que aquele sonho que a noite te iludia
Te mantinha acordada

Amigo, me diga onde errei
Pois procurei em suas palavras um abrigo
Trouxe o azar e o som da derrota comigo
Tudo isso não bastava

Ei, velho medo
Quando encontrei a chave e destranquei a porta
E atravessei eu vi que o mundo não comporta
O que é que eu procurava

E eu, ah, eu não sei
Mas já cansei ter razão e não viver
E vi que a vida não tem boa razão de ser
Ela só nos foi dada

Ei, minha amiga
Faço esses votos que posso chamar de meus
Não sei perdi a hora de dizer adeus
Ou se ela foi roubada